Semin�rio discute o sofrimento ps�quico causado pelo preconceito racial
Semin�rio discute o sofrimento ps�quico causado pelo preconceito racial
Em pleno s�culo 21, a sociedade brasileira ainda � palco de epis�dios lament�veis de discrimina��o racial. Um recente acontecimento onde uma estagi�ria negra foi orientada por sua chefe, para apresentar boa apar�ncia, a alisar o cabelo e a usar roupas largas para disfar�ar seus largos quadris, � apenas um, entre diversos casos, de como o preconceito persiste nas rela��es sociais no pa�s, o que contradiz em termos concretos, o mito da democracia racial. Para intensificar as discuss�es sobre o assunto, o CRP SP organizou o semin�rio Racismo e Sofrimento Ps�quico, que aconteceu em 7 de dezembro no audit�rio da sede do Conselho.
"� no di�logo coletivo que iremos conseguir for�as para colocar esse debate na rua e dar visibilidade � esta viol�ncia que, apesar de escamoteada, � extremamente presente no Brasil", disse Carla Biancha Angelucci, Conselheira Presidente do CRP SP, na abertura do semin�rio. A presidente tamb�m compartilhou experi�ncias que teve como psicoterapeuta em escolas onde o racismo j� existe na pr�pria constru��o da queixa de alunos e alunas.
O Conselheiro C�ssio Rog�rio Dias Lemos Figueiredo compartilhou com as pessoas presentes parte da produ��o do CRP SP sobre o tema como o Caderno Tem�tico vol. 1, Campanhas, TV Diversidade e tamb�m a resolu��o 018/2002 do CFP (que determina que o preconceito n�o fa�a parte dos atendimentos psicol�gicos), que completa 10 anos em 2012. O Conselheiro afirmou ainda que o planejamento estrat�gico do CRP SP para 2012 aprovou a proposta de discuss�o de temas que envolvam a sa�de da popula��o negra, com uma agenda permanente de debate e produ��o de materiais. "Temos que avan�ar muito. As (os) psic�logas (os) tratam a quest�o ainda de forma persecut�ria nos atendimentos", afirmou.
Como convidada da mesa estava Edna Muniz de Souza do CEERT (Centro de Estudos das Rela��es de Trabalho e Desigualdades) que afirmou que h� poucos estudos na �rea de sa�de do trabalho que incluam a quest�o �tnica/racial e que o preconceito causa um impacto ps�quico na vida da pessoa que nenhum tipo de indeniza��o financeira pode resolver. Edna citou o caso de tr�s merendeiras de uma escola p�blica de S�o Paulo que em 2001, ap�s constantes ataques preconceituosos por parte do diretor da institui��o, apresentaram sintomas de depress�o, queda intensa de autoestima, pensamentos suicidas, al�m de apresentar doen�as psicosom�ticas como taquicardia, press�o alta e problemas digestivos. Para Edna, o psic�logo (a) deve estar preparado para lidar com o conjunto destes aspectos. "Dentro da forma��o do (a) profissional de Psicologia n�o existe nada que trabalhe com a quest�o da discrimina��o racial. Da� a import�ncia da escuta atenta e sens�vel para estes casos".
Outra convidada do semin�rio que compartilhou de sua experi�ncia e estudos foi Maria L�cia da Silva, do Instituto AMMA Psiqu�, que lembrou que a funda��o do Brasil foi baseada na viol�ncia contra os negros e ind�genas e que este � um ponto que deve ser constante nas discuss�es sobre preconceito e que a nega��o desta hist�ria � uma das faces do racismo brasileiro. "N�s psic�logas (os) precisamos fazer nossa li��o de casa: estudar hist�ria, aprimorar o olhar e a escuta, perceber o que acontece � nossa volta e incluir nisso a hist�ria de nosso pa�s. Precisamos sempre levar em conta as determinantes sociais da forma��o do Brasil", afirmou. Maria L�cia tamb�m cobrou, por parte do Sistema Conselhos de Psicologia, uma aten��o maior com rela��o �s discuss�es em torno do racismo e discrimina��o com vistas de serem p�los propositores de pol�ticas p�blicas. "Pesquisa do IBGE mostrou que 52% da popula��o brasileira se autodeclara negra ou parda. O Sistema Conselhos de Psicologia precisa olhar esse dado com mais aten��o", defendeu.
