POVOS INDÍGENAS / 16/08/2012

Guarani Kaiowáas realizam protesto pacífico no MS e são recebidos com violência

Guarani Kaiowáas realizam protesto pacífico no MS e são recebidos com violência

Decididos a retomar sua terra, os indígenas Guarani Kaiowáa do Mato Grosso do Sul (MS), ocupam, desde sexta, 10 de agosto, a região conhecida como Arroio Koral, localizada no município de Paranhos e considerada solo sagrado. Os cerca de 400 indígenas chegaram de forma pacífica para montar seu acampamento mas em pouco tempo, pistoleiros invadiram o local aterrorizando homens, mulheres e crianças.
Até agora a ação resultou em duas mortes. Uma criança de dois anos foi ferida durante o ataque e não resistiu. Seu corpo já foi velado pelos parentes no próprio território. O Guarani Kaiowá João de Oliveira também foi morto no ataque; seu corpo foi levado pelos pistoleiros e continua desaparecido. No momento, os indígenas estão isolados no Arroio Korá. Segundo o cacique Ládio Veron, as três saídas estão sendo vigiadas por pistoleiros que não permitem a passagem de ninguém. Ainda segundo Ládio, mesmo a chegada da Força Nacional ao local não foi suficiente para retirar o grupo de pistoleiros do território. "A situação lá está muito complicada e precisamos que o governo mande reforços para proteger nossos parentes que estão completamente isolados", afirmou
"Nós estamos decididos a não sair mais, nós resolvemos permanecer e vamos permanecer. Podem vir com tratores, nós não vamos sair. A terra é nossa, até o Supremo Tribunal Federal já reconheceu. Se não permitirem que a gente fique é melhor mandarem caixão e cruz, pois nós vamos ficar aqui", assegurou o Guarani Kaiowá Dionísio Gonçalves.
A batalha pela retomada de terras indígenas é histórica na região. O Mato Grosso do Sul concentra os mais altos índices de assassinatos de indígenas, que lutam há anos pela devolução de terras tradicionais e sagradas.

O conflito fundiário e judicial que envolve o território Arroio Koral parecia estar resolvido quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, em dezembro de 2009, um decreto homologando a demarcação da terra. No entanto, em janeiro de 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF), do qual está à frente o ministro Gilmar Mendes, suspendeu a eficácia do decreto presidencial em relação às fazendas Polegar, São Judas Tadeu, Porto Domingos e Potreiro-Corá.

O processo continua em andamento, mas tem caminhado a passos lentos, já que ainda não foi votado por todos os ministros. Por isso, os Guarani Kaiowá estão mobilizados para retomar a terra. O CRP SP apóia a mobilização dos indígenas, que elaboraram um documento para os ministros do Supremo Tribunal Federal e para o Governo Federal em que reivindicam o despejo dos fazendeiros que ainda estão ocupando e destruindo territórios tradicionais já demarcados e reconhecidos pelo Estado brasileiro e pela Justiça Federal e exigem a devolução imediata de todos os antigos territórios indígenas.
Leia a íntegra da carta abaixo.


Aos: Excelentíssimos ministros do Supremo Tribunal Federal e Presidente da República do Brasil

De: 400 lideranças/representantes Guarani e Kaiowá do Cone Sul de Mato Grosso do Sul

Os vários assassinatos de nossas lideranças, nosso sangue e nossas lágrimas, a destruição de nossos territórios tradicionais, tudo não tem preço. Dinheiro algum apagará as nossas dores e lágrimas derramadas.

Por essa razão, hoje 10 de agosto de 2012, às 5h, estamos iniciando a nossa manifestação pacífica do povo Guarani e Kaiowá, retomando uma parte de territórios antigos tekoha Arroio Kora, em Paranhos (MS), localizado na bacia do Rio Iguatemi. Reivindicamos o despejo dos fazendeiros que continuam ocupando e destruindo os nossos territórios já demarcados e reconhecidos pelos poderes do Estado brasileiro e Justiça Federal.

Não vamos nos calar diante de assassinatos e ameaças de extinção de nossos povos e violações de nossos direitos indígenas e humanos. Não negociamos nossos direitos conquistados com as nossas lutas e mortes.

Nós, 400 lideranças/representantes, rezadores (as), mulheres e crianças pertencentes ao Povo Kaiowá e Guarani dos acampamentos e das margens de rodovias BR, ameaçados pelos pistoleiros das fazendas, dos territórios reocupados, e das reservas, reunidos em nossa Aty Guasu (Grande Assembleia) entre os dias 8 e 9 de agosto de 2012, no tekoha Arroio Kora, município de Paranhos, vimos por meio deste documento levar ao conhecimento dos poderes instituídos do Estado-Nação Brasileiro: poder executivo (Governo Federal) poderes judiciários (Justiças Federais e Supremo Tribunal Federal), a sociedade em geral, nossas manifestações pacíficas iniciadas hoje, 10 de agosto de 2012, aqui no território tradicionais Arroio Kora-Paranhos-MS. Nossas reivindicações, a seguir:

Inicialmente, lembramos da memória de nossas lideranças mortas; ameaças de morte e assassinatos cometidos por pistoleiros das organizações dos fazendeiros nos últimos meses. Lembramos do Genivaldo e Rolindo Vera de tekoha Ypo`i, mortos pelos pistoleiros da fazenda São Luiz aqui, líder Nisio Gomes de teko fazendas, enquanto esperamos a demarcação e devolução de nossos territórios tekoha guasu, cada dia as nossas crianças e lideranças estão morrendo na margens da rodovia BR, e nos acampamentos. Esses fatos não aguentamos mais, não vamos mais aguardar na margem da BR e nos pequenos acampamentos isolados, por isso hoje 10 de agosto de 2012, começamos a reivindicar o despejo dos fazendeiros que invadiram os nossos territórios tradicionais. Sabemos que há vários territórios tradicionais que já foram totalmente demarcados e reconhecidos pelo Governo Federal e Justiça Federal, mesmo assim, nós Guarani e Kaiowá fomos impedidos de recuperar o nosso tekoha guasu, mas os fazendeiros continuam ocupando e destruindo o nosso território, só por essa razão, nós iniciamos a manifestação pacífica e reivindicamos a devolução imediata de todos os nossos territórios antigos que são nossos, por isso vamos começar a reocupar a partir de hoje. Sabemos que os pistoleiros das fazendas vão matar-nos, mas mesmo assim, a nossa manifestação pacífica começam hoje 10 de agosto de 2012. Por fim, solicitamos, com urgência, a presenças de todas as autoridades federais para registrar as nossas manifestações pacíficas, étnicas e públicas pela devolução total de nossos territórios antigos.

Tekoha Guarani e Kaiowá Arroio Korá-Paranhos-MS, 10 de agosto de 2012.

Atenciosamente,

Assinamo-nos 400 lideranças/representantes, rezadores (as), mulheres pertencentes ao Povo Kaiowá e Guarani dos acampamentos e das margens de rodovias BR, ameaçados pelos pistoleiros das fazendas, dos territórios reocupados e das Reservas/Aldeias Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul.





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