JORNAL PSI / 16/08/2016

Atendimento em Libras
A psicóloga paraense Priscila Mourão conta como é trabalhar com população com deficiência auditiva
 
Priscila, certo dia, atendia uma pessoa que já há três consultas não falava. Foi nesse dia, sem saber ao certo porque, que começou a refletir mais a fundo a respeito das pessoas que não podem ouvir, dos mecanismos que usam para expressar suas emoções, e do (des)preparo da sociedade para recebê-las. “Então uma amiga, Rita Garcia, me falou desta primeira turma de Libras na UNISA (Universidade de Santo Amaro). E assim iniciei minha imersão nesta língua e cultura apaixonantes”, relata Priscila Mourão.
 
Mourão já pensava em ser psicóloga desde os 16 anos, ainda na sua cidade natal, Belém. “Gostava muito de escutar as amigas e nessa altura já brincavam sobre minha profissão”, recorda. Priscila começou o curso de psicologia na UNAMA (Universidade da Amazônia) e finalizou em São Paulo em 1997, na UNIP (Universidade Paulista). Se especializou em áreas como a docência e Terapia Familiar e de Casal e fez a pós graduação em Língua Brasileira de Sinais (Libras).
 
Já há nove anos trabalhando com a população surda, a psicóloga paraense atende em consultório particular, realiza palestras com foco no atendimento a pessoas com surdez e suas famílias, e trabalha também em empresas, realizando palestras, seleção, tradução e interpretação.
 
O acolhimento a pessoas com deficiências auditivas
 
Cerca de 9,7 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva de acordo com o Censo do IBGE de 2010. Esse número representa 5,1% da população brasileira. Entre estes, aproximadamente 2 milhões de pessoas têm deficiência auditiva severa. Em relação à idade, cerca de 1 milhão de pessoas com deficiências auditivas são crianças e jovens até 19 anos.
 
Dados de 2011 da Organização Mundial da Saúde (OMS) trazem índices ainda mais altos: de acordo com pesquisa feita em 2011, o número de brasileiros com algum problema auditivo chega a 28 milhões.
 
Apesar de representarem um número significativo da população brasileira, na opinião de Priscila Mourão a igualdade de acesso a direitos está longe de ser alcançada para pessoas com surdez. “Infelizmente não temos um atendimento no Sistema Único de Saúde [SUS] que contemple o surdo em sua totalidade”, salienta. “Os profissionais em sua maioria não têm o conhecimento ou a fluência na língua e na cultura. E ainda que tenhamos os profissionais tradutores e intérpretes de Libras, eles não estão em todos os espaços necessários”, observa Mourão.
 
“Mas temos algumas ações como a Central de Interpretação de Libras - CIL, serviço que realiza a mediação na comunicação entre pessoas com deficiência auditiva, surdos e surdo-cegos no atendimento em qualquer serviço público instalado na cidade de São Paulo, pela Prefeitura de São Paulo”, pondera a psicóloga.
 
A contribuição da psicologia
 
Para Priscila, são inúmeros os prazeres que existem no trabalho com foco voltado à população com deficiência auditiva. “Proporcionar um atendimento adequado, viabilizar um outro conhecimento, influenciar que a vida dessas pessoas tenha mais saúde e qualidade”, descreve: “Possibilitar a reflexão e/ou a mudança de estratégias frente a problemas da vida, contribuindo na resolução das questões, é a maior recompensa”.
 
“As demandas da pessoa surda – que vêm também com as demandas de suas famílias – são pareadas com as das pessoas ouvintes. No entanto, existe a peculiaridade da comunicação, que traz questões sócio-afetivas bem específicas relacionadas ao seu olhar, ao seu entendimento das relações e do mundo”, esmiúça Priscila Mourão, que faz atendimento no bairro paulistano do Brooklin.
 
Para a psicóloga, entre os desafios nessa área de atuação, o principal é proporcionar uma inclusão adequada da comunidade com deficiência auditiva em todos os âmbitos da sociedade. “Precisamos difundir, incentivar novos formandos da psicologia a se debruçar sobre a importância das demandas desse grupo”, afirma Mourão.
 
Na opinião de Priscila a psicologia tem muito a contribuir na área. “Acredito que a psicologia tem o potencial de fomentar o autoconhecimento da pessoa surda, seu crescimento e sua maturidade emocional, proporcionando a ressignificação das questões específicas pelas quais essa pessoa passa, a compreensão das suas angústias e frustrações”, assegura: “A/o psicóloga/o pode cumprir o importante papel de contribuir para que a pessoa surda aprenda a conviver com suas dificuldades, limitações e principalmente que veja e destaque as suas potencialidades”.
 
Veja o vídeo de Priscila Mourão, acesse https://youtu.be/iAIEeEHaoNI.
 
Envie o seu vídeo para o projeto “Psicologia, todo dia em todo o lugar: para uma sociedade mais democrática e igualitária”, acesse: http://migre.me/t6FKR.
 
Jornal PSI, Nº 187




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